Xi Jinping e Suu Kyi negoceiam paz e construção de barragem

O Presidente da China, Xi Jinping, afirmou na sexta-feira durante um encontro em Pequim com a líder da Birmânia, Aung San Suu Kyi, que apoia o processo de paz no país entre o governo e os grupos rebeldes. Em troca Suu Kyi acenou com a possibilidade de retoma da construção da barragem, parada desde 2011

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante o encontro entre os dois líderes, Xi Jinping prometeu “desempenhar um papel construtivo na promoção do processo de paz”, segundo a agência chinesa Xinhua. “A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações com o Myanmar” , escreveu Xi, de acordo com um comunicado oficial.
A Birmânia vai organizar, no final do mês, uma conferência com os grupos rebeldes, com Suu Kyi a fazer da paz um prelúdio para o relançamento da economia depois de o seu partido ter vencido as históricas eleições de Novembro do ano passado. “Como bom vizinho, a China vai fazer todo o possível para promover o nosso processo de paz”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros birmanesa aos jornalistas, em Pequim, antes do encontro com Xi.

Interesses comuns

A China tem todo o interesse em que este acordo seja assinado porque conhece bem a realidade dos grupos étnicos armados na Birmânia e tem presente o perigo que representam, uma vez que dividem a fronteira. A propósito deste assunto a Nobel da Paz realçou “esta é uma fronteira muito importante onde existem muitos grupos étnicos armados”. Há facções que lutam contra o governo há décadas. Têm lugar nas pobres e militarizadas fronteiras da Birmânia, prejudicando os esforços para elevar a economia depois de ter sido posto termo à junta militar.
Desde a sua independência do Reino Unido em 1948, a Birmânia, onde vivem mais de 130 etnias diferentes, é palco de revoltas de grupos que reclamam o direito à autonomia. Alguns têm laços étnicos e culturais com a vizinha província chinesa de Yunnan, e a fronteira é permeável ao comércio de droga, armas e pedras preciosas. O apoio da China é visto como crucial para pôr fim a décadas de conflitos étnicos no país, algo em que Pequim está interessado, visto que em ocasiões passadas os confrontos com o exército da Birmânia ocorreram em zonas junto à sua fronteira.
Os líderes têm trunfos na manga e Suu Kyi alimenta junto do vizinho, a esperança de reanimar o projecto de construção da barragem de Myitsone. Avaliado em mais de três milhões de euros, é co-financiado por uma empresa chinesa e iria fornecer a maior parte da produção de energia eléctrica aquele país. Desde que foi travada a sua construção, em 2011, é um espinho na agenda política entre os vizinhos.

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