Detido cidadão sueco co-fundador de ONG

Peter Dahlin foi detido no aeroporto de Pequim quando se preparava para apanhar um voo para a Tailândia. Encontrava-se desaparecido há vários dias e é acusado de pôr em perigo a segurança do Estado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo chinês confirmou ontem a detenção do sueco Peter Dahlin, o co-fundador da organização não-governamental (ONG) China Action dado como incontactável há dias, e assegurou que permitirá que este contacte com diplomatas do seu país.
“Peter foi detido pelas autoridades de Pequim por suspeita de pôr em perigo a segurança do Estado. Está a ser investigado”, disse ontem em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hong Lei.
Hong assegurou que a China protegerá os direitos e interesses de Dahlin “de acordo com a lei” e “facilitará aos funcionários do consulado (sueco) o cumprimento do seu dever”.
Dahlin, de 35 anos, que apoia os defensores dos direitos humanos, nomeadamente nos seus problemas com a justiça – foi abordado no início do mês, quando se preparava para embarcar num voo no aeroporto de Pequim, quando viajava para a Tailândia, via Hong Kong, disse o seu colega Michael Caster à Agência France-Presse, identificando-o como Peter Dahlin.
Anteriormente, um porta-voz da associação norte-americana Chinese Human Rights Defenders havia-o identificado como Peter Beckenridge.
As autoridades confirmaram posteriormente a diplomatas suecos a detenção de Dehlin, acusado de pôr em perigo a segurança do Estado, uma acusação muito grave na China e que a ONG considera “infundada”.
Aquela organização denunciou, em comunicado, que nos últimos dez dias ninguém conseguiu contactar com o sueco, nem sequer diplomatas do seu país, o que supõe uma violação da lei chinesa e das convenções internacionais.
A Chinese Urgent Action Working Group apresentou recentemente à ONU um documento detalhado sobre as “manobras de intimidação, a vigilância, as agressões físicas, os desaparecimentos e as detenções arbitrárias” que afectam os activistas e os dissidentes chineses.
O texto incluía um contacto do homem agora detido, mas ninguém atende nesse número desde terça-feira.

Cerco apertado
Na presidência de Xi Jinping, a China tem endurecido a repressão contra as vozes críticas ao regime comunista, mandando prender tanto activistas como autores de blogues, advogados e intelectuais.
Foi também tornado público um projecto de lei que, entre outras medidas, estipula que as ONG estrangeiras devem estabelecer uma parceria com pelo menos um órgão governamental e submeter os seus planos de acção à polícia, para aprovação.
Segundo meios de comunicação estatais, os voluntários das organizações não-governamentais estrangeiras a operar na China pretendem sabotar a segurança nacional ou tentam “criar problemas” para desencadearem uma “revolução colorida” contra o Partido Comunista.
Muitas organizações e governos ocidentais estão preocupados com a possibilidade de esta legislação restringir significativamente as suas actividades, pois as referências vagas à “segurança do país” podem abrir caminho a uma repressão deixada ao critério da polícia.
Desde Julho passado, cerca de 300 advogados foram interrogados, detidos ou colocados sob vigilância residencial, entre os quais 38 continuam detidos pela polícia.

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