Yuan desvaloriza pelo oitavo dia seguido

A taxa de referência do yuan foi cortada pelo oitavo dia consecutivo, para o nível mais baixo desde Março de 2011. Foi a maior desvalorização desde Agosto, altura em que a intervenção no mercado cambial também provou uma tempestade nos mercados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Banco Popular da China cortou a taxa de referência do yuan esta quinta-feira, 7 de Janeiro, pelo oitavo dia consecutivo, para o nível mais baixo desde Março de 2011. A decisão levou as acções chinesas a desvalorizarem mais de 7%, acabando por ser suspensas, pela segunda vez esta semana, apenas 30 minutos depois do início da negociação.
O banco central da China fixou a taxa de referência em 6,5646 por dólar americano antes da abertura do mercado, 0,5% abaixo da anterior cotação de 6,5314. Esta foi a maior queda entre as fixações diárias desde a desvalorização realizada em meados de Agosto que, tal como agora, desencadeou um período de forte turbulência nos mercados mundiais.
Actualmente, a moeda chinesa está autorizada a negociar num intervalo de 2% acima ou abaixo da fixação oficial diária.
Nos últimos meses, as autoridades chinesas vinham reduzindo os esforços de intervenção no mercado, depois de a turbulência em Agosto ter obrigado a medidas extremas, que incluíram a obrigação de os fundos estatais comprarem acções e a suspensão de ofertas públicas iniciais.
Segundo fontes citadas pela Bloomberg, o banco central está agora a considerar novas medidas para impedir uma elevada volatilidade na taxa de câmbio do yuan e vai continuar a intervir no mercado cambial. Segundo a mesma fonte, as medidas que estão a ser consideradas têm como objectivo restringir a arbitragem entre as taxas offshore e onshore.
O banco central também reduziu as suas reservas de divisas para 3,33 biliões de dólares no final de Dezembro, o valor mais baixo dos últimos três anos.
Este ano, foi introduzido o mecanismo de suspensão das acções criado para travar fortes volatilidades no mercado. Contudo, este mecanismo tem sido criticado pelos analistas, por considerarem que aumenta ainda mais as desvalorizações, já que os investidores antecipam a venda das suas posições para não correrem o risco de ficarem “presos” com a suspensão.
Esta quinta-feira, o regulador também impôs um novo limite à quantidade de acções que os accionistas de grandes empresas podem vender. Na terça-feira – dia em que as acções chinesas valorizaram – o governo interveio no mercado através dos fundos estatais para impulsionar o mercado.

Reservas internacionais caem para o menor nível em 3 anos

As reservas internacionais da China recuaram ao menor nível em três anos em Dezembro, uma queda que deve intensificar as preocupações sobre a capacidade de Pequim conter a saída de capital. As reservas internacionais do país recuaram US$ 107,92 mil milhões em Dezembro, para US$ 3,330 biliões, informou nesta quinta-feira o Banco do Povo da China (BPC). Os formuladores da política monetária e os agentes do mercado têm acompanhado com atenção as reservas, desde que o BPC desvalorizou o yuan em cerca de 2% em Agosto, gerando preocupações sobre a possibilidade de um enfraquecimento maior da moeda chinesa. Isso levou a uma queda recorde de US$ 93,9 mil milhões nas reservas, enquanto Pequim actuava para apoiar a divisa. Em Novembro, as reservas internacionais da China haviam recuado US$ 87,22 mil milhoes, para US$ 3,438 biliões – que já era o nível mais baixo desde fevereiro de 2013.

Bolsas voltam a suspender operações

As bolsas da China voltaram a suspender as suas operações nesta quinta-feira, menos de 30 minutos depois do início do pregão, por causa de uma queda de mais de 7%, depois do anúncio oficial da desvalorização do yuan, a maior desde Agosto. As autoridades da China reduziram o nível de referência do yuan em relação ao dólar em 0,51%, a 6,5646 yuans por dólar, a menor taxa desde Março de 2011. Esta foi a segunda vez esta semana que as bolsas chinesas activaram o mecanismo de suspensão, que entrou em vigor na segunda-feira. O índice de Xangai perdia 7,04%, aos 3.125,00 pontos enquanto o Shenzhen recuava 8,35% aos 1.955,88 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 3,09% aos 20.333,34 pontos; em Tóquio, o Nikkei 225 caiu 2,33% aos 17.767,34 pontos; em Seul, o Kospi teve queda de 1,10% aos 1.904,33 pontos; em Singapura, o Straits Times teve baixa de 2,65%, aos 2.729,91 pontos; e em Taiwan, o Taiwan Weighted caiu 1,73% aos 7.852,06 pontos.

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