Joana Dillon, licenciada em Gestão Empresarial: “Macau é a minha casa”

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi no restaurante de comida portuguesa e macaense do casal Dillon que o HM se encontrou com Joana, uma jovem local de 27 anos. Em Londres, tirou uma licenciatura em Gestão Empresarial, mas não sem primeiro experimentar o curso de Hotelaria e Gestão na Suíça.
“Era muito aborrecido e percebi que não era aquilo que queria e foi então que mudei para Londres”, começou por dizer. Ainda de tenra idade, não sabe exactamente, como milhares de jovens por esse mundo fora, o que quer fazer no futuro. Entre os serões passados em casa dos pais e de amigos, Joana entretém-se a passear os cães e a ouvir música. Questionada sobre o seu percurso, a jovem confessa ter sempre sentido que Macau simboliza conforto e à vontade. Enfim, tudo aquilo que procuramos quando falamos de um lar. “Macau é a minha casa”, diz sem hesitações.

Por esse mundo fora

Ir para fora sempre esteve nos seus planos, mas não para sempre. É que é com os nossos que mais queremos estar quando o tempo passa pelo corpo e pela alma. Ao contrário de vários residentes locais, viajar é uma das coisas que a licenciada mais gosta de fazer. Nos planos futuros estão caminhadas pela Índia e pelo Egipto, mas os pais temem que ambos sejam territórios “perigosos”. Será, certamente, um assunto a discutir em seio familiar.
Entre uma vida (agora) pacata, Joana ajuda os pais no restaurante, aceitando pedidos nas mesas e fazendo as contas ao final da hora de ponta. O restaurante, mesmo ao pé dos Lagos Nam Van, enche a olhos vistos às horas de almoço e jantar. São os macaenses, portugueses e turistas chineses que mais lucro dão à casa.
A jovem gosta de ajudar a família, mas sabe que não será para sempre. “Estou aqui e de momento não estou a trabalhar, por isso ajudo-os no restaurante, acho que é uma coisa normal”.

Supermercados à maneira

Embora Macau seja o lar de Joana, a licenciada macaense gostou muito da sua experiência na Europa, continente que visita com uma regularidade a que poucos têm acesso. Seja por falta de interesse, posses ou horizontes. No entanto, há uma coisa em particular da qual tem realmente saudades: “Os supermercados europeus são enormes, tão grandes que sou capaz de lá estar a ver produtos durante umas três horas”. Comparativamente, prefere os portugueses e espanhóis aos de Londres ou Suíça. Primeiro, por serem mais perto do centro das cidades, mas também por terem “produtos de qualidade a preços muito acessíveis”. Para Joana, é lamentável que não haja em Macau locais como aqueles. “O único que temos é o New Yaohan e mesmo assim nem é muito grande, só tem um piso e é muito caro”, explica.
A capital inglesa e a Suíça são países nos quais o Inverno é lei e muitas vezes acompanhado de neve. Por contraste, Macau é um território virado ao lado exótico, onde o tempo frio faz das suas, mas que passa quase sem que percebamos. Talvez parte da vontade de sair tivesse sido motivada pela diferença de climas e culturas. Foi graças à frequência do antigo Colégio Canadiano de Macau que Joana hoje em dia fala Inglês fluentemente, a juntar ao Cantonês de língua materna e Mandarim de língua segunda.

A pequenez faz a regra

Não é novidade dizer que Macau se pode tornar um tanto ou quanto claustrofóbico. Tratando-se de um território com pouco mais de 30 quilómetros quadrados, traz em si o espírito de aldeia, onde cada passo é um cumprimento ao transeunte que nos passa ao lado. Nascida em Hong Kong, mas a viver no território desde bebé, Joana não vê as mudanças sofridas na cidade como algo negativo. Antes, como um factor “natural” de qualquer sociedade que se quer evoluída. “Macau é muito pequeno”, explica Joana.
No entanto, aponta que esta característica pode funcionar bem e mal para a sua população. Por um lado, torna-se pouco possível fugir ao efeito de aldeia aqui criado, mas por outro, “sabe bem porque é uma cidade muito familiar, faz-me sentir em casa”.
Por estas paragens, mais especificamente na Universidade de São José, frequentou o curso de Design, mas rapidamente percebeu que “não era aquilo para o qual havia sido talhada”. Neste momento, contenta-se com serões com a família e amigos a descobrir novos nomes da música electrónica e rock mundial e a dar longos passeios na zona das Casas-Museu da Taipa.
“É um dos espaços mais calmos e bonitos da cidade”, diz. “Antigamente, saía muito à noite, mas cansei-me desse tipo de vida e já não consigo achar piada aos bares e discotecas de Macau. Temos pouca escolha e a música não é muito boa”, queixa-se. Quando o intuito é comprar produtos mais internacionais, diz, Hong Kong é a cidade a frequentar. “O ambiente nocturno dos bares, a música, as lojas, os supermercados e os centros comerciais são todos muito maiores e sempre que quero comprar uma coisa específica, é a Hong Kong que vou”, acrescentou.
Para já, Joana desconhece aquilo que o futuro lhe reserva, mas sabe que será certamente sumarento. Entre temporadas na Europa, serões bem passados em família e a falta de supermercados grandes, Joana lá se vai entretendo nesta cidade que considera ser sua. Como é já de todos nós um pouco.

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