AMCM | Especialistas consideram positivo acordo com banco chinês

Especialistas em economia acreditam que o acordo assinado entre a China e Macau é apenas mais um passo na atitude de tolerância zero para com a corrupção e o branqueamento de capitais. “Um passo positivo” e uma “atitude determinada” irão permitir a Macau atingir uma economia saudável

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] acordo de reforço de cooperação assinado, na semana passada, entre a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e o Banco Popular da China é considerado um “bom passo” na posição assumida pelo o Governo Central: o fim à corrupção.
Apesar das poucas informações das cláusulas deste acordo, a entidade bancária explicou que o que se pretende é reforçar a troca de informações e acções de fiscalização entre os assinantes para prevenir o branqueamento de capitais.
Para José Sales Marques, economista, não existe “outra leitura possível”, este acordo é claramente um “tópico de trabalho de cooperação entre duas autoridades de supervisão bancária e portanto o objectivo é o que se tem divulgado, aumentar a colaboração para detectar, precaver e controlar a lavagem de dinheiro”.
Os efeitos, do ponto de visto económico, são também eles claros para o especialista: “as medidas que têm por finalidade este tipo de situações, assim como a fraude ou actividades que tenham que ver com um certo tipo de criminalidade, são sempre boas iniciativas”.
“Não vejo nada em contrário quanto a este tipo de acordo”, reforçou Sales Marques, acrescentando ainda que acções como estas são de “aplaudir”. Uma postura francamente positiva é a classificação atribuída ainda por Liu Bolong, professor da área na Universidade de Macau (UM) para o novo acordo.
“Isto é claramente positivo e um dos efeitos da postura que o Governo Central assumiu, especialmente por causa dos casinos de Macau”, começou por explicar o docente. Ter uma boa cooperação com as entidades bancárias da China é também uma vantagem para que tudo seja mais transparente, conforme indica Liu Bolong.

Jogo em causa

Relativamente às quedas do Jogo e à perda de jogadores, Sales Marques não tem dúvidas, as coisas têm de ser vistas de uma forma diferente daquelas que têm sido. “É de facto preocupante que este tipo de medidas estejam aliadas ao ‘prejudicar a economia de Macau’. Isto faz-nos questionar: o que é a economia de Macau?”, argumenta.
Até agora, diz, tem-se vivido “com os olhos fechados aqui e acolá”, mas estas questões económicas começam a ser combatidas e “isto só pode ser positivo”. “Não queremos ser conotados como a capital da lavagem do dinheiro. Como tudo na vida, estas medidas podem ter algum efeito nos negócios, naturalmente que sim, mas este efeito não pode ser visto como algo negativo, nunca”, remata.
Uma nova postura é o que o académico da UM aconselha as operadores a assumir. O Governo Central está “determinado e a sua postura é clara”, por isso, o Governo de Macau e a indústria de entretenimento local “devem tentar arranjar uma nova forma de gestão, abandonando o sistema de junkets, (…) para que Macau seja saudável e tenha um desenvolvimento sustentável dessas mesmas indústrias”, conclui.

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