FAM | Mais de 200 espectáculos e eventos até 2 de Junho

O 32.º Festival de Artes de Macau decorre entre 29 de Abril e 2 de Junho, abarcando mais de 200 espectáculos e eventos de teatro, dança, música e artes visuais, centrados em produções locais e do Interior da China. Do teatro em Patuá aos clássicos gregos, passando pela ópera chinesa e a projecção no grande ecrã de espectáculos internacionais, o FAM promete “Revigorar” os tempos conturbados que Macau atravessa devido à pandemia

 

Com o tema “Revigorar” em pano de fundo, o Festival de Artes de Macau (FAM) irá decorrer entre 29 de Abril e 2 de Junho em vários palcos e espaços da cidade, que serão povoados por mais de 200 produções locais, do Interior da China e Hong Kong, e afectas a áreas tão distintas como o teatro, a dança, a música e as artes visuais.

Adicionalmente, será possível assistir no grande ecrã, a produções internacionais de grande escala ou participar em experiências de realidade virtual. Os bilhetes para todas as actividades e espectáculos do FAM podem ser adquiridos, a partir das 10 horas do próximo domingo, 3 de Abril. A lotação das salas de espectáculos terão a lotação reduzida em 50 por cento devido às medidas anti-epidémicas em vigor.

À margem da apresentação do programa da edição deste ano do FAM, a presidente do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, revelou que o evento está orçamentado em 24 milhões de patacas, mais três milhões de patacas que a edição do ano passado. Segundo a responsável, tal deve-se ao acréscimo do número de actividades de extensão em relação a 2021.

“No ano passado só realizámos 44 actividades de extensão, mas este ano vamos realizar mais de 100. O nosso objectivo é atrair mais participantes e realizar actividades em diferentes espaços, incluindo não só teatros, mas também espaços ao ar livre, para que os cidadãos possam participar no evento de forma diversa”, explicou Leong Wai Man.

Questionada sobre os critérios de cancelamento dos espectáculos à luz da actual situação epidémica, a presidente do IC disse apenas que a realização, ou não, das actividades está dependente da evolução da pandemia e que a decisão passará por uma “avaliação dinâmica” em coordenação com os Serviços de Saúde. Contudo, assegurou, “foi preparado um plano B”.

Para todos os gostos

Ao nível das artes performativas, destaque para o espectáculo “Homem Livre do Sul”, da autoria do conceituado coreógrafo Willy Tsao. Inspirado em 26 poemas de Li Bai, poeta da dinastia Tang, o espectáculo que poderá ser visto no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau no dia 29 de Abril, integra poesia, dança e música numa “exploração criativa” de 14 bailarinos que usam um palco totalmente branco para rumar a um “belíssimo mundo marcado por montanhas, rios, flores e também pela lua”.

Do Centro de Artes Dramáticas de Xangai chega uma interpretação do clássico da tragédia grega “Electra”, de Sófocles. O texto da obra que ensaia sobre a justiça e a vingança foi traduzido Luo Tong, investigadora de literatura e teatro da Grécia Antiga.

Nota ainda para “Xiao Ke”, uma produção co-criada pela bailarina e coreógrafa chinesa com o mesmo nome e o coreógrafo francês Jerôme Bel, que pretende representar, através de um “diálogo transcultural” entre os dois e os movimentos corporais e a música, “a evolução da dança e da cultura da China nos últimos 40 anos”.

Do lado da ópera de Pequim, “A Nova Estalagem Dragão” promete elevar a parada, com uma criação que reúne actores de artes marciais e outros ligados à estética da ópera tradicional chinesa, rompendo com essa tradição “de uma forma inovadora”.

O festival encerra na sala de espectáculos do Venetian, com a cantora de Hong Kong, Liza Wang a juntar-se à Orquestra de Macau para interpretar clássicos chineses.

Criado em Macau

Quanto à produção local, destaque para o teatro em Patuá “Cruzeiro do Amor” (“Lorcha di Amor”), que será levado à cena nos dias 7 e 8 de Maio, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.

Encenado e escrito por Miguel de Senna Fernandes, o enredo do espectáculo deste ano conta as peripécias e os anseios de várias personagens, que embarcam naquele que é o primeiro cruzeiro de luxo da Era pós-pandemia entre Macau e Hainão. O suspeito de um crime que tenta sair cladestinamente de Macau, uma artista de cabaret que parte em busca de uma vida nova e um casal desejoso por novos recomeços fazem parte das caricaturas deste ano.

Da autoria da associação Cai Fora, “Carlos I” é um espectáculo inspirado na antiga Doca D. Carlos I para produzir uma peça na qual não há actores, mas apenas instalações de luz, som e espaço, que promete levar o público a imaginar “o percurso histórico e o caminho futuro deste local”.

Por seu turno, “As Figuras Desaparecidas” é uma obra que pretende explorar, de acordo com Jenny Mok, encenadora da Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra, o tema da mão-de-obra feminina na sociedade actual.

Destaque ainda para “Nove Paisagens Sonoras”, uma peça de teatro multimédia apresentada pelo Grupo de Teatro Experimental “Pequena Cidade”, baseada nos nove tons do cantonês, que pretende demonstrar “o ritmo da cidade em constante transformação”.

Num cinema perto de si

Com os estrangeiros impedidos de entrar em Macau, várias produções internacionais vão ser exibidas apenas no grande ecrã. Exemplo disso, foi revelado ontem, é a “Triologia de Lehman”, do Teatro Nacional de Inglaterra, “O Conde de Monte Cristo”, do Teatro de Opereta de Moscovo, “Um Lago dos Cisnes” do Ballet Nacional da Noruega e o “Akhenaten”, da Ópera Metropolitana de Nova Iorque.

Coordenada pelo Museu de Arte de Macau e pelo Museu de Arte de Guangdong, a exposição “Imaginação Selvagem: Arte a Tinta Contemporânea em Guangdong-Hong Kong-Macau de 2000 a 2022”, destaca a natureza da arte a tinta contemporânea, exibindo cerca de 80 peças da autoria de mais de 50 artistas de Guangdong, Hong Kong e Macau.

A pensar nos mais novos, haverá ainda espectáculos para toda a família como o teatro interactivo “Doople POP” da companhia “Cultura do Grande Barco” e o musical infantil “A História de Kong Yiji”, criado pela Associação de Artes Pequena Montanha.

Destaque ainda para “A Mostra de Espectáculos ao Ar Livre”, que terá lugar no Jardim do Mercado do Iao Hon e onde, ao longo de três noites, serão exibidos espectáculos de marionetas, dança swing, narração de histórias, acrobacias aéreas e música portuguesa.

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