Grécia procura atrair investimentos em visita de MNE chinês

O chefe da diplomacia grega, Nikos Dendias, debateu ontem com o homólogo chinês, Wang Yi, o aprofundamento de relações económicas, culturais e turísticas, e defendeu que a Grécia “pode ser uma porta de entrada da Ásia para a Europa”.

“Estamos ansiosos por novos projetos de investimento no maior porto do Mediterrâneo, um dos maiores do mundo”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Nikos Dendias, após o encontro com o homólogo chinês na capital grega.

A empresa chinesa Cosco Shipping detém atualmente 67% da autoridade portuária grega do Pireu, após os legisladores gregos terem ratificado a venda de uma participação de 16% na empresa, para além dos 51% já detidos pela Cosco.

A Grécia concedeu também à Cosco mais cinco anos para prosseguir com os investimentos que tinha prometido fazer como parte do seu acordo para comprar uma participação maioritária em Pireu.

Os gregos emergiram recentemente de uma década de crise financeira que dizimou um quarto da sua economia e tem estado ansiosa por atrair investimentos internacionais.

A China, que está a construir portos, caminhos de ferro e outras infraestruturas em dezenas de países de todo o mundo no âmbito da Iniciativa “Belt and Road” (“Iniciativa Nova Rota da Seda”), já está fortemente envolvida na Grécia.

​​​​​​​Dendias relatou ao homólogo chinês sobre os “desenvolvimentos particularmente preocupantes no Mediterrâneo Oriental” e o que descreveu como o “papel desestabilizador da Turquia” na região, algo que, segundo ele, poderia inibir o comércio marítimo que “interessa muito ao lado chinês”.

Os vizinhos Grécia e Turquia estão divididos em relação a uma longa série de disputas, incluindo sobre direitos de exploração no Mediterrâneo Oriental, que levaram a recentes escaladas de tensão.

Dendias disse ter falado “extensivamente” com Wang Yi sobre o que disse ser o esforço da Turquia para se envolver com “populações muçulmanas em todo o mundo, promovendo ideologias como a irmandade muçulmana e tentando um envolvimento direto nos assuntos internos de outros países”.

No passado, a Turquia levantou questões sobre o tratamento dado pela China aos uigures, uma minoria etnicamente turca muçulmana no noroeste da China, embora recentemente se tenha tornado menos expressiva sobre esse assunto recentemente, durante os esforços de Ancara para forjar laços económicos mais estreitos com Pequim.

A China tem sido acusada de grandes violações dos direitos humanos na província de Xinjian contra os uigures e outras minorias, incluindo encarceramentos em massa, controlo forçado de natalidade, esterilização e abortos.

Pequim rejeita as acusações, dizendo que os campos são centros de formação profissional e de ‘desradicalização’ para afastar os residentes da região do extremismo e terrorismo.

Os repórteres não foram autorizados a assistir às declarações conjuntas e não foram permitidas perguntas.

Wang Yi descreveu o envolvimento da China no Pireu como um projeto “emblemático” da iniciativa “Belt and Road” e um modelo de cooperação mutuamente benéfico.

Contudo, os sindicatos criticaram as condições de trabalho no terminal marítimo, dizendo que os lucros são colocados acima da segurança, no seguimento da morte de um trabalhador esta semana num acidente no terminal de contentores gerido pela Cosco no Pireu.

O partido de oposição grego Syriza criticou as condições de trabalho no porto, afirmando que os acidentes de trabalho foram causados “pelas constantes taxas esgotantes de trabalho [no terminal de contentores] que causa exaustão a longo prazo e doenças relacionadas com o trabalho”.

A Cosco adquiriu a participação de 51% do porto do Pireu em 2016, sob um governo liderado pelo Syriza.

Wang Yi disse que a China estava disposta a expandir a “estratégia de interconexão global da União Europeia, de modo a aumentar o nível de interconexão do continente euro-asiático, estimular o potencial de crescimento da China e da Europa e acelerar a recuperação económica global”.

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