Quatro clássicos, quatro espelhos 看中国人的四面镜子

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s quatro clássicos chineses são: O Sonho da Câmara Vermelha《红楼梦, Viagem ao Ocidente 《西游记》, Margem das Águas 《水浒传》 e Romance dos Três Reinos 《三国演义》。

Quatro romances. Quatro espelhos de uma realidade chinesa genuína e verdadeira.

O Sonho da Câmara Vermelha (publicado em1791) representa o bom gosto e a elegância. Através da poesia, da música e das palavras, a cultura clássica chinesa é apresentada nos seus mais variados aspectos: arquitectura, gastronomia, culto dos jardins e arte. Quem se considerasse um literato haveria de discutir O Sonho da Câmara Vermelha, o que faria dele um Hongist. O Presidente Mao Tsé Tung foi um Hongist.

Há quem pense que a China poderia continuar a existir sem a Grande Muralha, mas não sem O Sonho da Câmara Vermelha.

Margem das Águas (compilado no séc. XIV) representa o culto chinês das boas maneiras, especialmente da virtude. Façamos o que deve ser feito. A ajuda deve ir para onde é precisa. A virtude é o pilar espiritual da cultura chinesa. Nenhum dos heróis de Margem das Águas dá importância aos bens materiais. Não podem ser comprados ou tentados, nem mesmo por belas mulheres. Os heróis chineses têm um déficit de genes românticos.

Viagem ao Ocidente (publicado no séc. XVI) conta as aventuras de um monge budista e dos seus discípulos, mas não tem nada a ver com o Budismo. O sumo sacerdote do templo budista instiga as nossas personagens para uma corrida ao ouro, como faria qualquer “pecador” ganancioso e tomado de apetites vorazes.  Não respeita o Taoísmo pois considera os monges taoistas desumanos e capazes de provocar o mal.

Os chineses rejeitam todas as formas de religião. As convicções religiosas devem assumir forma palpável e trazer vantagens materiais. O romance também apresenta uma visão crítica, se não cínica, das qualidades chinesas; quem é (ou não) competente para o quê.

Romance dos Três Reinos (publicado em 1522) fala-nos da China como nação unificada. O romance ignora praticamente os acontecimentos do dia a dia, as relações familiares ou as questões éticas. O autor estava centrado na governação, ou seja, na sobrevivência da China como nação. A China acima de todas as coisas. Eu diria que, “aspirar pela paz e pela unidade” é uma componente essencial da psicologia chinesa, inscrita no ADN deste povo. A “Política de Uma Só China” não é uma invenção dos comunistas.

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