Novo livro de Mário Mesquita Borges analisa manutenção da língua e cultura portuguesas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] portugalidade encontra-se num progressivo desvanecimento em Macau. Essa é uma das ideias mestras do livro “Macau, as Últimas Memórias de Portugal”, de Mário Mesquita Borges. A obra, que vai ser apresentada no próximo dia 8, às 18h30, no auditório do Consulado Geral de Portugal, traça um futuro negro, reminiscente, para a cultura lusa no território.

O ex-jornalista, hoje professor universitário na Universidade Católica, considera que as instituições que tentam promover Portugal na RAEM não estão a fazer o suficiente para manter viva uma herança com quatro séculos de história. Para Mário Mesquita Borges, a língua, a cultura e o património de génese portuguesa estão nas mãos dos próprios macaenses.

“A sobrevivência da língua reside então, e não só, na permanência e uso institucional, mas na sua presença diária, na sua continuidade prática.” Este desvanecer cultural, em troca da crescente “sinização”, foi o resultado natural da transferência de poderes, mas também de outros factores externos. O mandarim é uma língua em crescendo de importância por todo o mundo, portanto, não é de estranhar que em Macau o ensino tenha privilegiado a língua de Confúcio, em detrimento da de Camões, mesmo entre macaenses.

Outros sinais de desaparecimento luso da região são a perda de importância da Igreja Católica, assim como “o decréscimo da miscigenação com o português de origem europeia ocorrido ao longo das últimas décadas, e a integração, em fluxo contrário, com os chineses”.

Como é óbvio, na origem desta mudança não se encontram unicamente razões culturais e económicas, mas também políticas. “Poucos meses depois da transferência de poderes, a presidente do Instituto Cultural afirmou que a instituição tinha como missão para o ano entretanto iniciado (2000) a divulgação e valorização da cultura chinesa no território com o objectivo de que a população de Macau conheça melhor as suas origens”, contextualiza o autor na obra. O livro, que promete lançar discussões, é publicado na colecção Cadernos Hoje, da editora COD.

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