Taiwan insta Pequim a diálogo “calmo e racional”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Presidente Tsai Ing-wen apela à racionalidade, mas assegura que não se deixará influenciar por manobras intimidatórias vindas de Pequim

A Presidente de Taiwan instou no fim-de-semana a China a um diálogo “calmo e racional” e disse que não cederá a movimentações que visam “ameaçar e intimidar” a ilha.

Tsai Ing-wen afirmou, numa conferência de imprensa, que Taipé e Pequim devem manter conversações com base em “atitudes flexíveis” para assegurarem a manutenção de relações pacíficas e estáveis.

Por outro lado, garantiu que não cederá às pressões da China, que recuperou “velhas formas” de intimidação, depois de protestos de Pequim por o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter falado por telefone com Tsai Ing-wen no início deste mês.

Desde então, a China tem feito exercícios militares perto de Taiwan, numa aparente demonstração de força.

O Ministério da Defesa chinês admitiu na quinta-feira que manobras realizadas no Pacífico pelo porta-aviões Liaoning, que passou por águas próximas de Taiwan, visaram “dissuadir as forças independentistas taiwanesas”.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e ameaça com o “uso da força”, caso o território declare independência.

A ilha, onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Taipé e Pequim dizem que existe uma só China.

A chamada telefónica de Trump para Taipé pôs fim ao protocolo diplomático seguido há décadas por Washington, que privilegia as suas relações com Pequim.

“As autoridades de Pequim estão a regressar às suas velhas formas de isolamento e supressão de Taiwan, e mesmo a ameaças e intimidação”, disse Tsai.

“Esperamos que isto não seja uma decisão política de Pequim”, disse ainda acrescentando: “Não cederemos à pressão, mas também não regressaremos à velha atitude de confrontação”.

A China suspendeu os contactos com Taiwan em julho, depois de Tsai ter tomado posse e ter recusado o “consenso 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado naquele ano entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.

Viagem à América

A Presidente de Twain vai passar pelos Estados Unidos em Janeiro, em trânsito para países da América central, mas não confirmou se terá algum encontro com a equipa ou representantes de Donald Trump.

Na mesma conferência de imprensa, Tsai disse que as relações diplomáticas de Taiwan com as Honduras, Guatemala e El Salvador são “consideradas estáveis”.

No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China.

Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé.

Neste momento, apenas 21 países no mundo, incluindo o Vaticano, reconhecem Taiwan e mantêm relações diplomáticas com a ilha.

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