Seminário| Indústria do jogo em análise no Instituto de Estudos Europeus

Os casinos são o sustento da economia de Macau, logo é essencial traçar estratégias de futuro para a indústria. Hoje à tarde, há alternativas a serem discutidas por quem pensa o sector

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é uma abordagem meramente económica, mas sim uma tentativa de pensar a principal indústria do jogo de forma inovadora. A promessa é deixada pela académica Hester Cheang, responsável por um seminário que acontece hoje, ao final da tarde, no Instituto de Estudos Europeus de Macau.

Desde 2006 que a RAEM ultrapassou as receitas de Las Vegas, Nevada, tornando-se na capital mundial do jogo, com uma subida fenomenal em termos de crescimento económico. Houve uma altura em que parecia que o céu seria o limite, mas os últimos dois anos vieram mostrar que a realidade é outra.

Nesse sentido, a académica irá dirigir-se à audiência “não só numa perspectiva puramente económica, mas também para explorar outras abordagens mais inovadoras ao sector do jogo”. Para tal, é necessário encorajar os estudantes a pensar em formas de melhorar a qualidade da oferta, assim como desenvolver os recursos humanos. A directora do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau considera que também se deve ter uma “visão global do mercado, e enquadrar o sector das apostas na economia mundial”.

Neste quadro é importante perceber o que se passa no Sudeste Asiático, especialmente com a liberalização do jogo no Japão e com o crescimento do sector no Vietname. A professora considera que, no que toca ao Japão, ainda haverá um ajustamento temporal, enquanto não surgirem formas novas de apostas comerciais disponíveis. “Já temos muita competição de outros países da região e é nesse sentido regional que considero a concorrência, não por países específicos”. Hester Cheang aponta o caminho da diversificação para seduzir mais turistas. “Não queremos atrair apenas apostadores VIP, mas mais jogadores de recreio, no fundo, diversificar o tipo de pessoas que vêm a Macau jogar”. Para tal será essencial ter uma maior oferta no ramo do entretenimento, assim como no ramo da hotelaria. A diversidade será essencial, oferecendo maior gama de preços e qualidade.

Outra das preocupações prende-se com a aposta na formação de quadros qualificados, assim como na inovação de serviços. Pensar em formas de reinventar as slot machines, encontrar novos jogos, e diversificar as ofertas complementares ao jogo.

Olhar para a terra

A oradora, local de Macau, considera que a cidade tem condições únicas que não devem ser desperdiçadas no contexto do mercado do jogo. “Temos de aproveitar a história da cidade, em harmonia com os sectores do jogo, turismo e cultura”, acrescenta. Nesse sentido, a RAEM está repleta de atracções e o território tem um conjunto classificado como património mundial da UNESCO. “Todos trabalhamos, ao fim ao cabo, para o sector do turismo.” As palavras de ordem devem ser complementaridade e colaboração, aproveitando estas ofertas culturais como um chamariz natural, principalmente tendo em conta a inversão na procura. “As receitas de jogo dos sectores VIP e apostadores de massa estão, neste momento, mais equiparadas”, comenta a palestrante. O importante é atrair um público mais diversificado e abrangente, de todas as zonas do globo. Não interessa que sejam clientes habitais de casinos, “alguns podem até não vir com a intenção de jogar”, mas uma vez em Macau terão essa possibilidade disponível. A académica vê o segmento dos apostadores de massa como “uma tendência”.

No que diz respeito ao crescimento das receitas do sector, Cheang está optimista. Em especial nesta altura, com a cidade animada pelas festividades natalícias, as paradas, os inúmeros festivais e o ano novo chinês. O frenesim fará aumentar o fluxo de turismo, e isso é um factor de excitação para a indústria do jogo.

No entanto, é preciso um “optimismo cauteloso porque estamos sempre sujeitos a factores externos que não podemos prever”. A académica não sabe se iremos assistir a um ponto alto de receitas como houve em 2013, nem espera que o sector cresça eternamente. Circunstâncias como o ambiente económico global, especialmente na China e no Sudeste Asiático, serão determinantes, porque nem só de oferta vive a equação económica. Obviamente, “as pessoas têm de ter o mesmo crescimento económico para vir a Macau jogar”.

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