China |Autoridades detêm manifestantes em aldeia com experiência democrática

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram 13 residentes da localidade de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China.
A vaga de detenções surge após o chefe local, Lin Zulian, ter sido detido em Junho passado, por alegado desvio de fundos públicos.
Com 15.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China tornou-se um símbolo de resistência popular em 2011, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas do país.
Protestos contra a expropriação ilegal de terras culminaram com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, e a eleição de um novo comité de aldeia por sufrágio directo.
Após a detenção de Lin Zulian, que encabeçou os protestos, a polícia disse que residentes locais “continuaram a lançar boatos e a insultar, ameaçar, forçar e subornar, visando instigar, planear e lançar manifestações de massas ilegais”.
“Perturbação da ordem e dos transportes públicos”, justificaram as detenções ontem anunciadas, segundo um comunicado difundido pela polícia local.
Depois das detenções, os residentes entraram em confrontos com a polícia, que usou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar a manifestação, informou o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Vídeos e fotos difundidos na internet mostram os manifestantes, alguns deles a sangrar, a atirar pedras contra a polícia.

Da resistência

Os protestos de 2011, em Wukan, foram inicialmente vistos apenas como um levantamento popular, semelhante às dezenas de milhares que todos os anos ocorrem na China.
A morte de um dos líderes dos protestos, sob custódia da polícia, contudo, levou os residentes a bloquear as estradas que davam acesso à aldeia, conseguindo expulsar as forças de segurança durante mais de uma semana.
O Partido Comunista Chinês decidiu então recuar e fazer concepções raras, incluindo investigar as disputas de terra e permitir aos locais organizar eleições livres.
Lin Zulian, 70 anos, foi então nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores.
Na semana passada, porém, foi condenado a três anos de prisão por corrupção, depois de confessar ter aceitado subornos no valor de 590.000 yuan.

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H
H
17 Set 2016 01:00

Parece que a democracia na China não está a correr bem…