Operadoras “cautelosas” esperam por nova ponte e mais visitantes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]campanha anti-corrupção continua a ser um dos factores apontados para a quebra das receitas pelas operadoras de Jogo, que assumem que a lei anti-fumo também tem prejudicado o negócio. Todas se dizem confiantes no futuro, principalmente para continuarem com investimentos, ainda que “com cautelas”.
“Um número de factores continuou a influenciar a opinião dos mercados e a afectar as receitas, entre os quais um programa governamental de combate à corrupção na China continental, o abrandamento da economia chinesa, as restrições ao fumo em Macau e preocupações relacionadas com a liquidez e volatilidade nos mercados financeiros”, aponta o Galaxy, secundado na opinião pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM). “O decréscimo das receitas do jogo deveu-se a diversos factores, designadamente o rápido crescimento durante um período prolongado, um certo abrandamento da economia na China e algumas medidas administrativas agora implementadas no país”, indica a empresa de Stanley Ho.
Nos relatórios anuais, ontem publicados no Boletim Oficial, todas as operadoras demonstram quebras nas receitas: as da Melco Crown desceram 28% face a 2014, para 4,16 mil milhões de dólares, e a SJM conseguiu 50 mil milhões de patacas, uma diminuição de 38,7%. Já a Wynn arrecadou receitas líquidas de 19,7 mil milhões de patacas, menos 35,1%. A empresa estima que os custos de construção do seu novo complexo no Cotai sejam de 32 mil milhões de patacas e até Dezembro já investiu 27 mil milhões de dólares de Hong Kong. A Sands de Sheldon Adelson fala em receitas de 54,7 mil milhões de patacas, menos 28,3%.

Pontes e barcos

O número de visitantes de Macau – que registou um decréscimo de 2,6% – é outro dos factores apontados, além do facto de ter havido menos apostas no mercado VIP.
“Houve uma reestruturação significativa no âmbito do mercado VIP que se deveu a uma queda das receitas neste segmento, desafios em relação à liquidez e questões relativas ao seu próprio controlo interno. Isto resultou numa redução no número de promotores de jogo a operar em Macau e contribuiu para o declínio anual de 45% nas receitas VIP”, indica a Galaxy.
A empresa “encontra-se encorajada por comentários positivos do Governo em relação ao futuro do sector”, mas diz-se “cautelosamente optimista face à estabilização do mercado”. A “facilitação dos vistos de trânsito” e a abertura de novos resorts ajuda, bem como o desenvolvimento de infra-estruturas como a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a vizinha Ilha da Montanha.
“Deverão impulsionar uma nova onda de visitantes a Macau a médio-longo prazo”, afirma a Galaxy, que identifica como “parte crítica” a redistribuição de mesas devido ao limite imposto pelo Governo.
A SJM também partilha da opinião de que as novas-infraestruturas vão ajudar a indústria, mas alerta: “há dificuldade em se prever, com rigor, quanto tempo irá demorar este período de ajustamento”.
No relatório anual, a Melco diz continuar em busca de novas oportunidades na área do jogo “ou demais áreas com esta relacionadas”. A empresa fala ainda de uma expansão na área comercial do City of Dreams, prevista para abrir no primeiro semestre deste ano.
Só a Galaxy, contudo, tem planos para Macau e região vizinha. A operadora faz questão de relembrar que “possui a maior área contígua de terrenos para aproveitamento” e em duas novas fases no Cotai vai ter mais um milhão de metros quadrados, onde vão nascer “empreendimentos mais direccionados para o mercado de massas e famílias”. Em Hengqin, a operadora vai erguer “ um novo centro de lazer e negócios e está a considerar a possibilidade de desenvolver um resort de luxo numa parcela de terreno com 2,7 quilómetros quadrados”.

Wynn e SJM confiantes na estimativa extra-jogo

A Wynn e a SJM afirmaram ontem estar confiantes na proposta do Governo de que as receitas extra jogo cheguem aos 9% até 2020. O valor faz parte do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM. Ao canal chinês da rádio, Linda Chan, directora de operações da Wynn, confirmou ter confiança em atingir esta meta. Para Angela Leong, directora-executiva da SJM “não é difícil aumentar as receitas” extra jogo até esse número.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários