Obrigado, campeão

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão tem sido fácil a carreira de André Couto, nem a sua vida pessoal, marcada pela trágica perda de um filho. Mas o piloto de Macau reuniu sempre forças, nas curvas mais difíceis, nas paragens mais complicadas de engolir, nos momentos mais delicados de viver, para tudo ultrapassar. Essa é a fibra de campeão que nele existe e que nos faz sentir orgulho dele nos representar.
André Couto é, antes de mais, um exemplo de perseverança e coragem. De alguém que transformou a dor numa causa, numa missão, levando-o a viver ainda mais intensamente a sua vida. Um piloto cuja excelência só a má sorte (e talvez a falta de apoios em momentos cruciais) terá impedido de chegar à prova-rainha do automobilismo.
Macau tem de lhe agradecer o facto de ter conseguido levar o seu nome a um pódio internacional, como o pode homenagear pelo conjunto da sua carreira, durante a qual representou a cidade com dignidade e valor.
Ser um campeão é muito mais do que ganhar provas. É ter uma alma enorme e um coração incansável; é conseguir juntar a humildade a uma vontade irreprimível de vencer. E André Couto não precisaria de ter vencido este campeonato para nos dar conta da sua estirpe.
Aqui em Macau, conhecemo-lo deste e doutros circos. Vimo-lo crescer, tornar-se adulto, maturar. Quando demos por ele, ganhava o Grande Prémio. Sempre capaz de surpreender quem não está habituado à sua capacidade quase constante de regeneração. E assim tem sido ao longo dos anos. Por isso sabemos poder ainda esperar por mais desse olhar, que espelha loucura e determinação.
Obrigado, campeão.

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