Édito | Carta Aberta

[dropcap syle=’circle]E[/dropcap]xcelentíssimo Senhor Secretário para as Obras Públicas e Transportes,

Escrevo-lhe não para o maçar com obras públicas, terrenos, metro ligeiro mas sobre um assunto bem mais corriqueiro e, aparentemente, de fácil resolução. Estou certo de que se Vossa Excelência não dispusesse de transporte privado, certamente que nem seria necessário chamar-lhe a atenção para este problema que aflige residentes e turistas nesta bela Cidade do Nome de Deus.
Trata-se (não abra a boca de espanto) da questão dos táxis. Pois é: o problema que encontrou quando tomou posse e parecia bem encaminhado nos meses que seguiram. Parecia mas não estava: a verdade é que voltámos à anarquia do costume. De novo os taxistas recusam clientes, aliciam outros (turistas) com preços exorbitantes e desvarios vários que, normalmente, aconteciam nas cidades mais deprimidas dos países muito pouco emergentes. Aconteciam porque acontecem cada vez menos. A não ser, é claro, em Macau. contrats-4
Já não lhe vou pregar sobre os efeitos perniciosos para a imagem, para o desconforto que causa ao cidadão, para a vergonha que é apresentar uma cidade assim. Queria, pelo contrário, enaltecer o trabalho de quem fez quintuplicar o número de multas passadas a taxistas prevaricadores. Pois bem: não chega. Ao que parece, é para o lado em que eles conduzem melhor. E o desbragamento continua.
Senhor Secretário, já lá vai mais de meio ano desde aquele saudoso dia 19 de Dezembro em que ainda não tinha que aturar os dossiês que se acumulam na sua mesa. São projectos complexos, complicados, intrincados como quase nenhuns. Mas se não consegue pôr os carroceiros da cidade na ordem, como podemos esperar que se desenvencilhe das suas outras hercúleas tarefas, em que tem de confrontar interesses, à partida, bem mais poderosos? O poder dos taxistas não há-de ser assim tanto… Ou será que quem de facto manda menos… é o Governo?
Não esqueça pois: está na altura de lhes mostrar um cartão vermelho. O que isso significa não sei, pois não passo deste seu humilde escriba e admirador, com os melhores cumprimentos, etc., etc…

PS: Só para chatear (que isto não pode ser só delicadezas): aqui entre nós, no tempo dos portugueses os táxis funcionavam melhor… ai quem diria… que vergonha…

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